a crise está em mim. a crise sou eu.










Friday, October 09, 2009

coisas pós-impressionistas
















a balança de um artista pende segundo a proporcionalidade inversa entre o seu talento e a sua felicidade. mas esta relação de proporção é unívoca, é função do que ele faz para o que ele é. é esta a maneira que eu encontro para justificar uma confidência - que me desejou menos talento se necessário para poder ser mais feliz.
eu devo ser louco, verdadeiramente. no sentido assintomático do conceito mas de modo etimologicamente crónico sofro de uma incapacidade de auto-compreensão humana. compreensão essencial, corriqueiramente identitária. é simplesmente isso: a inversão louca de um objectivo maior, a inversão louca da felicidade pelo talento, pela criação. a prioridade é a arte porque através dela eu também vivo. faz tudo parte da mesma vivênca. é uma maneira de viver o próprio acto de pintar. e sem nunca me ter imaginado escultor, acabei por moldar sem querer a minha mais espôntanea obra:

uma enorme pedra na consciência.
uma massa estranha e espessa na minha própria alma.
um cancro denso e difícil que estorva a vida feliz.

1 comment:

CookieGirl said...

invejo-te com todas as minhas forças, não só pela tua capacidade brilhante de comunicar numa tela,mas com a capacidade de comunicar através de uma união inquietante, de palavras.

afinal o que é ser louco?