a crise está em mim. a crise sou eu.










Wednesday, January 19, 2011

extra terrestre. terceiro

eu não sei se ela era uma mulher bonita; eu não sei se ela era uma mulher sequer. não sei se era um anjo, ou um ser de outro mundo ou uma outra coisa. um homem não era de certeza. e deste mundo tinha apenas nuances. estava à minha frente um corpo teso, cheio, plácido, inócuo, perfeito. de roupas rasgadas, como se aquele corpo não estivesse habituado a estar coberto. senti a tensão do corpo a romper o vestido, um corpo que não é para se conter. a pele nua, branda, sob o casaco decotado de lã azul. e os olhos cristalinos. e os lábios carnudos. a expressão do desconhecido com feições perigosamente silvestres. a postura do estranjeiro e a essência de vagabundo. aqui estará a maior estranheza: uma presença sobrenatural tomada em carne mundana. a roupa que traz no corpo e o telemóvel na mão. apenas isso. uns trapos e um aparelho para comunicar. como se aquela figura já não dissesse tudo.

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