a crise está em mim. a crise sou eu.










Monday, April 09, 2012

wall.paper.skin. II


numa terra de pedra não sei onde, era um cenário exaustivamente granitíco mas luminoso, um deserto cinzento, sólido, denso. mil formas de rochas, chão de calçada, altar embasado e ao centro um tanque pleno com gravilhas. há um cheiro, ou um som, ou um instinto de mar próximo. a amplitude do olhar varre o chão até à altura de um corpo. o plano é picado. nunca se vê efectivamente o céu mas há uma certeza que é também cinzento. denso. claro. quase, quase branco. ele é feito de desenho riscado mas está seguro, confiante, e feliz. no altar, no tanque, que é uma espécie de bancada quadrangular, ele vai dobrando jornais em formas específicas. sem propriamente uma razão fá-lo porque genuinamente lhe apetece. sentem-se presenças mas não está lá ninguém. mas de certeza que está só não se sabe. a rapariga aparece e a ganga na roupa soa familiar, sugere uma textura pétrea que a aproxima deste lugar, poderia muito bem fazer parte dele mas não se sente a falta da sua presença. o diálogo é doce, seguro. e embora não se sinta a  falta da sua presença, o desejo da sua pertença funda aquele chão de uma forma atraente e gentil. e se ela se for embora há-de marcar um trilho específico com passadas amarelas. e ele repetirá essa memória todos os dias até morrer cobarde. porque reconhece-se feliz e confia na felicidade dela também. a erosão parece não matar mas também não nos torna mais fortes. amacia. apaga. destrói.

No comments: